As manchas de óleo vem atingindo a costa do Nordeste desde o 30 de agosto. Além da poluição em mais de 156 praias; Foi identificado mortandade da fauna e comprometimento de rios em suas fozes e manguezais. Uma verdadeira catástrofe ambiental com requintes de crueldade; A dificuldade em identificar com precisão o ponto correto do desastre, assim como identificar o movimento da mancha de óléo no oceano atlântico decorrem de uma certa lacuna do sensoriamento remoto.
Usar geotecnologias para identificar a existência e movimentação de manchas de vazamento de petróleo no mar não é das tarefas mais simples. Isso porque a interpretação de imagens orbitais do mar, geradas por satélites, nos casos em que for detectado o derramamento de óleo nas águas, pode incorrer em vários equívocos. As geotecnologias avançaram muito para detecções na superfície terrestre, o que infelizmente ainda não ocorreu para detecções no mar. No monitoramento da superfície, várias correções são feitas para realçar o objeto observado para eliminar os ruídos nas imagens.
Pela homogeneidade da superfície do mar, do ponto de vista do Sensoriamento Remoto, nos sensores passivos, a água absorve boa parte da radiação refletida, dificultando a detecção segura de vazamento de óleo, por satélite. Além disso, mesmo que seja identificada uma textura diferente na imagem de satélite, em alto mar, por sensores ativos (Ex.: Sentinel-1A), que reduzem os ruídos, há uma série de objetos que pode interferir na rugosidade do oceano.
Assim, seria necessária a observação in loco para validar a observação por satélites. Essa situação se aplica ao caso do desastre ambiental no Nordeste, pois não se tem ideia onde possa ter ocorrido o fato extraordinário que gerou a poluição hídrica.
Em contrapartida, o geoprocessamento é o grande aliado para desvendar essa complexa tragédia ambiental. Entender o comportamento das correntes marítimas assim como precisar o local e a data do incidente é o caminho a ser percorrido pelas instituições.